Artigo: 130 anos depois, refazer Palmares

13/5/2018 - Por Raquel de Paula, da secretaria de negras e negros do PSTU

No dia 13 de maio se completaram 130 anos que a escravidão foi legalmente abolida no Brasil. Mas o fato é que os negros saíram das senzalas, mas foram empurrados para as favelas. Nenhum tipo de reparação ocorreu e nenhuma garantia de direitos pelos 350 anos de escravidão. Até hoje continuamos lutando por igualdade.

É verdade que houve pequenos avanços, também fruto da luta, mas o racismo e a desigualdade seguem oprimindo o povo negro. Somos minoria nas universidades; dos 700 mil encarcerados, 80% são negros; as mulheres negras continuam sendo as maiores vítimas da violência machista, entre tantos outros fatos.

O Estatuto da Igualdade Racial (lei 12.888/2010), que poderia ter sido instrumento de nossa luta para diminuir as diferenças sociais, foi enterrado num acordo entre o PT e o DEM, que retirou do texto original reivindicações históricas do movimento negro.

Como se não bastasse, se depender dos governos e patrões voltaremos de novo para as senzalas: a Reforma Trabalhista nos jogará ainda mais no subemprego, com salários ainda menores e tendo de trabalhar por mais horas para garantir a sobrevivência.

Precisamos refazer Palmares, organizar um levante negro para que haja reparações pela crueldade da escravidão, assim como para indígenas que foram assassinados.

Desmistificar a Lei Áurea é contar a história de fato como ela foi. É lembrar Zumbi, Dandara, João Cândido e tantos outros que deram suas vidas por liberdade.

Artigo publicado no jornal O Vale, 15 de maio de 2018