Mais uma vez, PSDB e entidades empresariais agem a favor da GM e contra os empregos em São José

5/5/2017 - Parece uma novela repetida. No último final de semana, no dia 29, entidades empresariais de São José dos Campos divulgaram uma carta conjunta para pressionar o Sindicato dos Metalúrgicos a aceitar incondicionalmente um novo acordo da layoff na GM instalada na cidade. A Câmara Municipal estaria também se articulando para criar uma comissão especial para “acompanhar” as discussões. Em jogo, novamente, o emprego de milhares de trabalhadores que a montadora alega ser excedentes.

A GM quer suspender o contrato de trabalho (layoff) de 1.600 trabalhadores por até 10 meses. Na mira da empresa estão principalmente funcionários lesionados pelas condições de trabalho na fábrica e afastados pelo INSS.

O Sindicato, que negocia há mais de um mês com a GM, reivindica a garantia de estabilidade aos trabalhadores ao final do acordo e propõe outras alternativas para a garantia dos empregos na unidade, tais como redução da jornada de trabalho, sem redução de salários, licença remunerada, abertura de PDV e efetivação dos temporários. A GM se nega a garantir a estabilidade aos trabalhadores que entrarem no layoff, demonstrando que sua intenção é fazer uma demissão em massa posteriormente.

Falamos em “novela repetida”, pois não é a primeira vez que praticamente a mesma situação ocorre. Nos últimos anos, tornou-se recorrente a GM, a exemplo de outras montadoras no país, alegar oscilação na produção e “excedente” de mão-de-obra. Mesmo tendo vivido, em anos anteriores, prósperos período de vendas e produções recordes, sem falar nas generosas desonerações e incentivos fiscais concedidos pelos governos, a GM nunca teve o pudor de chantagear com o emprego dos trabalhadores para impor medidas que aumentassem a exploração e garantisse seus lucros.

A postura das entidades empresariais, da Prefeitura e da Câmara, em todos esses momentos, como agora, também foi de total apoio à GM, sem qualquer cobrança efetiva pela garantia dos empregos dos trabalhadores. A campanha é sempre contra o Sindicato e contra a luta dos metalúrgicos. As práticas desonestas da empresa também se repetem, como buscar jogar trabalhador contra trabalhador, efetivos contra temporários, lesionados contra não-lesionados.

Como bem afirma o Sindicato, não existe motivo para layoff na GM. A montadora lidera o ranking nacional de vendas da picaque S10, produzida em São José dos Campos, onde teve faturamento de R$ 7 bilhões no ano passado. A empresa também apresentou crescimento mundial dos lucros no último período.

Ao invés de pressionar o Sindicato, esses empresários, Prefeitura e vereadores deveriam cobrar da GM o cumprimento do acordo feito em 2015 que previa o investimento de R$ 2,5 bilhões na planta local e a criação de novos empregos. O Sindicato cumpriu a sua parte. A GM não. Mais do que isso, agora a montadora faz nova chantagem. Na Argentina, na fábrica da montadora em Rosário, também se desenrola uma luta contra 350 demissões.

O PSTU declara todo apoio à luta dos trabalhadores da GM por estabilidade no emprego. A unidade e a mobilização de todos os metalúrgicos e da classe trabalhadora em geral serão fundamentais para garantir os empregos. O PSTU estará junto nesta luta.

É preciso lembrar que a campanha contra os trabalhadores da GM foi desencadeada um dia depois da Greve Geral que parou todo o país, e que teve fortes reflexos em São José dos Campos e no Vale do Paraíba. As 11 entidades empresariais ligados ao Gedesp (Grupo de Estudos de Desenvolvimento Econômico, Social e Político), assim como o PSDB, que está à frente da Prefeitura de São José dos Campos, são os mesmos que defendem o governo Temer e suas reformas Trabalhista e da Previdência e a terceirização, que visam precarizar o trabalho e retirar direitos.

Para acabar com a farra que as multinacionais praticam no país é urgente a adoção de medidas como a proibição de demissões imotivadas e em massa, garantia de estabilidade no emprego, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, proibição de remessa de lucros ao exterior e a criação de um contrato coletivo nacional.

Multinacionais que demitirem em massa e desrespeitarem acordos e leis brasileiras devem ser nacionalizadas e estatizadas. Além disso, o Brasil tem potencial e tecnologia para produzir o primeiro carro nacional, ao invés de ser um paraíso para montadoras estrangeiras e ficar refém de medidas como as tomadas pela GM.