“São José em Dados”: uma cidade rica, mas para poucos

7/6/2016 - A imprensa deu destaque essa semana para um estudo divulgado pela Prefeitura de São José dos Campos sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do município. Do total de 67 unidades de desenvolvimento na cidade, regiões formadas por um ou mais bairros e loteamentos, 30 delas têm o IDH considerado muito alto, 21 ficaram com IDH alto e 16 áreas classificadas como médio.

O IDH é um índice utilizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) para medir e comparar o desenvolvimento de países, levando em consideração basicamente três fatores: saúde (expectativa de vida ao nascer), educação (escolaridade da população) e renda municipal per capita. O número varia de 0 a 1, subdividido em faixas, sendo 1 o mais desenvolvido.

De acordo com o estudo, o IDHM médio de São José dos Campos é de 0,807, considerado muito alto (IDHM entre 0,800 e 1). Com isso, a cidade ocupa a 24ª posição no país e a 12ª posição no estado.

O ranking da qualidade de vida é encabeçado pelos bairros Aquarius, zona oeste, e Vila Ema, na região central, ambos com IDH 0,952. Na terceira posição aparecem empatados Urbanova (oeste), Vila Adyana (central) e Jardim Esplanada (oeste), com 0,932. O índice é semelhante ao de países ricos, como Noruega, Austrália e Suíça.

Na base da tabela, estão áreas com o IDH considerado médio, de 0,633: Banhado (central), Bairro dos Freitas (norte), Conjunto Habitacional São José e Sítio Bom Jesus (sudeste). O Pinheirinho, apesar de desocupado em 2012, também consta do estudo, com IDHM de 0,633, pois a pesquisa foi feita com base no censo demográfico do IBGE de 2010.

Uma cidade para poucos
O estudo revela uma discrepância na qualidade de vida em São José, mostrando a existência de bairros com índices semelhantes aos de países europeus e outros com indicadores iguais a de nações como Iraque. Ainda assim, São José não teria nenhum bairro com o IDH baixo ou muito baixo, o que pode indicar distorções do próprio índice do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Vários economistas e pesquisadores já apontaram as limitações e distorções que o IDH pode trazer, pois ao levar em conta apenas a renda per capita, escolaridade e expectativa de vida, o índice ignora outros fatores importantes para garantir a qualidade de vida, como questões como emprego, distribuição de renda, infra-estrutura, violência, etc.

“São José é uma cidade rica. Tem um PIB equivalente a R$ 28,1 bilhões, o oitavo do estado e o 21º do país. O PIB per capita é de R$ 43.643. Um valor altíssimo. Mas basta conhecer a realidade na periferia, nos bairros mais pobres, para ver que essa riqueza não reverte em serviços e benefícios à população trabalhadora e mais pobre do município”, avalia Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal.

“O fato é que pela política neoliberal aplicada pelos governos, seja como foi com Dilma ou é por Temer atualmente, ou ainda como foi com o PSDB ou o PT em São José, a lógica é aumentar a concentração de renda e a desigualdade social. Este é o resultado dos cortes que eles fazem nos investimentos sociais, nos serviços públicos, no sucateamento da educação e da saúde”, afirma Toninho.

"São José precisa de um governo dos trabalhadores, que coloque as riqueza da cidade a favor da maioria da população, e não a serviço de um punhado de empresários e poderosos como tem sido feito historicamente", disse.