Em São José, mulheres vão às ruas e dizem basta à violência machista

6/6/2016 - Dois atos levaram para as ruas de São José dos Campos, no último sábado, dia 4, o repúdio e a denúncia da violência machista que a cada dia vitima milhares de mulheres no país. Apesar do dia chuvoso, ocorreram atos pela manhã e à tarde no centro da cidade.

Com cartazes, faixas e carro de som, a manifestação organizada pelo Movimento Mulheres em Luta (MML), sindicato e PSTU chamou a atenção da população que passou próximo da Praça do Sapo, nos arredores do calçadão comercial, desde o início da manhã.

“Roupas não estupram. Lugares não estupram. Bebidas não estupram. Estupradores estupram” diziam alguns dos cartazes. “Mexeu com uma, mexeu com todas” era a frase formada por vários cartazes segurados por mulheres na manifestação.

Várias pessoas pararam para ouvir a fala dos presentes, que se revezaram no microfone do carro de som, denunciando o machismo existente na sociedade, a violência que mata, estupra, agride e assedia as mulheres. Os recentes casos dos estupros da adolescente de 16 anos do Rio de Janeiro e da advogada de São José dos Campos foram lembrados.

“Somente aqui no Vale do Paraíba, dados oficiais apontam dois estupros por dia. Mas sabemos que isso é subnotificado. A razão para isso é o medo, a vergonha, a negligência dos governos, enfim, a cultura do estupro existente na sociedade, uma cultura que absurdamente culpa a mulher e não o estuprador”, disse Janaína dos Reis, da direção nacional do MML.

Por todas elas
Já à tarde, aconteceu na Praça Afonso Pena a manifestação “Por Todas Elas”, convocada pelas redes sociais. O ato começou com intervenções artísticas e falas contra o estupro e depois seguiu em passeata até o Sesc, na Avenida Adhemar de Barros.

A manifestação reuniu cerca de 150 mulheres, a ampla maioria jovens. Várias levaram os filhos. No centro da praça, vários cartazes foram colocados no chão e denunciavam como a cultura do estupro afeta as mulheres no dia a dia. Roupas femininas manchadas de vermelho também representavam a violência.

 “Companheira, me ajude, que eu não posso andar só. Eu sozinha eu ando bem, mas com você ando melhor”, cantaram as manifestantes durante a passeata, repetindo uma das canções que já se tornaram símbolo das manifestações contra o estupro que estão ocorrendo pelo país.

Temer, inimigo das mulheres
Mas a denúncia não ficou apenas aos estupradores. Em ambos os atos, em cartazes e falas, foi lembrado que a negligência e convivência dos governos diante do machismo e falta de políticas de proteção às mulheres também são responsáveis pela violência machista. Cartazes traziam escrito “Temer, inimigo das mulheres”.

“Dilma, apesar de ter sido a primeira presidente mulher, cortou investimentos de programas de defesa das mulheres. Já Temer começou nomeando uma ex-deputada do PMDB, Fátimas Pelaes, como secretária especial de Políticas para as Mulheres. Não bastasse mais uma envolvida em denúncias de corrupção, a ex-deputada é uma reacionária que, por exemplo, é contra o direito de aborto em caso de estupro”, falou Toninho Ferreira, presidente do PSTU e suplente de deputado federal.

“No Congresso, temos figuras como Bolsonaro, Feliciano, inimigo das mulheres. Por tudo isso, na luta contra a violência às mulheres, também dizemos: Fora Temer, Fora Todos eles”, disse Toninho.