Escolas ocupadas: viva a luta dos estudantes e trabalhadores em defesa da educação pública!

3/5/2016 - Sob os gritos de “Fora PM”, a tropa de choque da Polícia Militar de São Paulo foi obrigada a bater em retirada, do Centro Paula de Souza, na noite desta segunda-feira, dia 2. Os policiais haviam invadido na manhã de ontem o local, que está ocupado por estudantes desde o último dia 29.

O Tribunal de Justiça considerou ilegal a ação. Mas não é só ilegal. A invasão do prédio escolar pela PM é também imoral. Uma medida irresponsável e lamentável do governo Alckmin que poderia ter causado um confronto de consequências trágicas.

Entretanto, não é uma postura inédita por parte do governo do PSDB. Também foi com truculência e repressão que o governador Geraldo Alckmin tratou a luta dos estudantes no ano passado, que ocuparam mais de 200 escolas contra a proposta de reestruturação da rede de ensino.

Ontem, a PM ficou cerca de 10 horas no Centro Paula de Souza, com ameaça de reintegração de posse. Mas os jovens não se intimidaram e se mantiveram no local.

A resistência continua. Nesta terça-feira, os estudantes seguem ocupando o Centro Paula Souza para protestar contra a falta de merendas nas Etecs e Fatecs, o desvio de verba para a compra da merenda escolar e os cortes nos repasses para a educação.

“O Estado veio quente, nóis já tá fervendo”
Os estudantes estão dando uma aula de luta e coragem. Como bem diz o grito de guerra dos jovens: “O Estado veio quente, ‘nóis’ já tá fervendo”. Não só em São Paulo que alunos secundaristas estão em luta. No Rio de Janeiro e no Ceará, alunos também protestam contra o sucateamento da educação pública com ocupações.

O caos nas escolas públicas é cada vez maior. A realidade são prédios em condições precárias, falta de merenda, materiais escolares, equipamentos, atrasos salários de professores e técnicos de ensino, falta de segurança. Enfim, os cortes que os governos têm feito nos recursos da educação, que inclusive acabam indo para o ralo da corrupção, como no caso do escândalo da merenda no governo Alckmin (PSDB), tem resultado no sucateamento do ensino público em todo o pais.

No Rio de Janeiro, mais de 70 escolas estão ocupadas por estudantes que reivindicam melhorias na educação pública estadual, que passa por uma brutal crise. Os profissionais de educação estão há mais de dois meses em uma fortíssima greve, que inclui também outros setores do funcionalismo público estadual. Funcionários e alunos da UERJ resistem fortemente ao desmonte da universidade e seu hospital. As verbas destinadas à Educação no Estado do Rio caíram de R$ 10,7 bilhões para R$ 7,8 bilhões, entre 2015 e 2016.

Em Fortaleza, estudantes secundaristas também iniciaram uma mobilização com ocupação de escolas. Desde sexta-feira, duas escolas já foram ocupadas. Os alunos reivindicam melhorias e apoiam a greve dos professores do Estado.

No ano passado, estudantes de dezenas de escolas no Mato Grosso do Sul também realizaram ocupações contra a proposta do governo do estado (também do PSDB) de entregar a administração das escolas para a iniciativa privada, por meio de Organizações Sociais.

O PSTU de São José dos Campos declara todo apoio a essa onda de ocupações que sacode vários estados do país.

“Os estudantes têm protagonizado fantásticas mobilizações em defesa da educação pública. Controlam completamente as escolas ocupadas, organizando o dia a dia e tarefas como limpeza, alimentação, segurança atividades culturais, políticas e de lazer”, afirma o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal, Toninho Ferreira.

“Na prática, as ocupações colocaram em xeque o desmonte e a política neoliberal com que os governos tratam a educação. Os estudantes também provam que é possível gerir democraticamente a escola a serviço de uma educação pública e de qualidade. Essa mobilização precisa ser intensificada rumo à uma greve geral na educação. Todo apoio a essa juventude que sonha e luta. O PSTU se soma a essa luta, com seu apoio e solidariedade”, disse Toninho.

Atualização dia 4/5/2016 - No final da tarde desta terça-feira, estudantes secundaristas também ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo. Eles pedem a instauração imediata de uma CPI da Merenda Escolar.  Os deputados da base de apoio do governo Alckmin e do presidente da Alesp, Fernando Capez, que está envolvido nas denúncias de corrupção, têm feito várias manobras para evitar a criação da CPI.



Confira vídeo com alunos da Moabe Cury, escola ocupada no ano passado, em SJC