FALA TONINHO: “Lista da Odebrecht: se gritar pega ladrão, não fica um”

24/3/2016 - Superando a estimativa inicial de 200 políticos incluídos na bombástica lista da Odebrecht, levantamentos divulgados nesta quinta-feira, dia 24, já revelam 316 nomes, dos mais diversos partidos, tanto da base governista, quanto da oposição, do PT ao PSDB.

As planilhas, que foram apreendidas pela Polícia Federal na casa de um ex-executivo da empreiteira em janeiro e foram divulgadas no dia de ontem, caíram como o efeito de uma “bomba” no cenário político nacional. Fala-se em verdadeiro pânico nas esferas de poder, desde o governo federal, passando por governos estaduais, prefeituras, o Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras municipais.

Não é para menos. A tal lista traz políticos de 24 partidos, dos 35 registrados no país, que teriam recebido repasses da empreiteira para as campanhas eleitorais de 2012 e 2014. São ministros, governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores, além de caciques dos grandes partidos, incluídos numa espécie de “folha de pagamento”. Mais do que isso, a lista seria apenas o "começo". Haveria muito mais pela frente com uma eventual delação de empresários da empreiteira.

As investigações ainda não avançaram na análise dos números das planilhas para identificar o que é caixa dois, propina ou “doação legal”.

Aliás, a maioria dos partidos e envolvidos, pegos de “calças curtas”, se apressaram em divulgar notas alegando que são “doações legais”.

Uma cara de pau sem tamanho desses políticos! Primeiro, por que, há fortes indícios de que há caixa dois e propina.

Levantamento do Estadão Dados, por exemplo, já identificou que os valores registrados nas planilhas como repasses a dezenas de políticos, em 2012, chegam a pelo menos R$ 75 milhões. É quase o dobro do valor declarado oficialmente como doações da Odebrecht nas prestações de contas que os candidatos apresentaram à Justiça Eleitoral (R$ 38 milhões).

Uma das planilhas da Odebrecht

O levantamento comparou também os registros da mais recente eleição para prefeito de São Paulo. Haddad (PT) aparece como beneficiário de R$ 3 milhões da Odebrecht nos documentos apreendidos pela Polícia Federal. Esses valores, porém, não constam da prestação de contas do candidato ou de seu comitê financeiro. Já José Serra (PSDB), que disputou o segundo turno com Haddad, teria recebido R$ 3,2 milhões no primeiro turno. Contudo, a prestação de contas do candidato não detalha esses valores.

Em segundo lugar, por que mesmo sendo doações de campanha consideradas regulares pela legislação, a existência de uma lista com mais de 300 políticos financiados por uma empresa revela um sistema corrompido. Não existe “doação”. Existe investimento, compra de mandato, pois como bem diz o ditado que já repeti por várias vezes, quem paga a banda escolhe a música.

Esta lista da Odebrecht escancara a relação promíscua do setor empresarial, neste caso das empreiteiras, com os políticos. Ao ponto de boa parte terem codinomes, apelidos caricatos, como “lindinho” (Lindbergh Farias-PT), “drácula” (Humberto Costa – PT), “caranguejo” (Eduardo Cunha – PMDB), “passivo” (Jacques Wagner – PT), “avião” (Manuela D´Ávila – PcdoB).

Sarney, Renan Calheiros, Eduardo Paes (todos do PMDB), ACM Neto (DEM), Paulinho da Força (Solidariedade), Randolfe Rodrigues (ex-PSOL e atualmente filiado à Rede) são outros famosos da super planilha com mais de 300 nomes.

E, atenção, pois estamos falamos de apenas uma empresa. Imaginem se vêm à tona outras listas, de outras empreiteiras, de bancos e grandes empresas?

Fora todos eles!


Diante do impacto da lista, horas depois de tornada pública, o juiz Sérgio Moro voltou atrás e decretou o sigilo sobre os documentos. Afinal, a brincadeira tem de ter limites, não é?
O fato é que se gritar pega ladrão, não fica um.

A cada dia vem à tona o nível de corrupção existente no país, ao mesmo tempo em que o governo Dilma e o Congresso seguem editando medidas contra os trabalhadores.

Mais do que nunca é necessário que os trabalhadores entrem em cena e tomem as ruas, mobilizem nas fábricas e locais de trabalho, rumo à construção de uma Greve Geral para por todos para fora: desde Dilma e Lula (PT), Temer, Renan e Cunha (PMDB), Aécio (PSDB) e esse Congresso de picaretas.

De imediato, devemos exigir eleições gerais já. Eleições com outras regras, sem o financiamento privado, com tempo de televisão igualitário e mandatos revogáveis, sem qualquer tipo de privilégio e com salário igual ao de um operário ou professor.

Mas a saída para a classe trabalhadora está nas suas lutas, na sua organização. Somente um governo socialista dos trabalhadores, apoiado na luta e formado por conselhos populares, poderá dar um basta a esse mar de lama de corrupção e atender as reivindicações e necessidades da maioria do povo.





Toninho Ferreira é presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal