Artigo: "Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras"

18/9/2015 - Por Toninho Ferreira

Nesta sexta-feira, dia 18, a Avenida Paulista, em São Paulo, será palco da Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras.

Diferentemente dos atos do dia 16 de agosto (chefiada pelo PSDB a favor do impeachment), e de 20 de agosto (em defesa do governo), a manifestação deste dia 18 tem um perfil classista e de esquerda, contra o PT e também contra o PMDB e a oposição chefiada pelo PSDB.

Afinal, todos eles, apesar das disputas pelo poder, defendem que a saída da crise é através de um brutal ajuste fiscal sobre os trabalhadores e a maioria do povo.

O governo da presidenta Dilma acaba de anunciar mais um corte no Orçamento do país. Depois dos mais de R$ 80 bilhões cortados este ano, a nova meta é cortar R$ 26 bilhões do Orçamento de 2016, além aumentar impostos.

Os cortes atingem em cheio áreas essenciais, como saúde, educação, moradia, Previdência Social e serviços públicos e o pacote de medidas prevê ainda a volta da famigerada CPMF, com a qual o governo espera arrecadar R$ 32 bilhões. Imposto regressivo, a CPMF atinge, sobretudo, os trabalhadores que não podem repassar esse custo, como fazem os empresários com o aumento de preços.

O aprofundamento do ajuste fiscal ocorre logo após o rebaixamento da nota de risco do país. Acuado, o governo não pensou duas vezes antes de atacar ainda mais as condições de vida do povo, para demonstrar que está disposto a fazer qualquer coisa para garantir os lucros de banqueiros. E foi justamente isso que fez. Com as novas medidas, o governo espera ter um superávit primário de 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, R$ 43 bilhões para o pagamento de juros.

Interessante observar que, enquanto os gastos de várias áreas sociais são cortados, os gastos com juros e amortizações da dívida pública já atingiram R$ 528 bilhões em 2015, nada menos que 52% de todos os gastos federais até o momento. Para todo o ano, está previsto R$ 1,357 trilhão para o pagamento da dívida, dinheiro que vai direto para os bolsos de banqueiros e especuladores.

É assim que assistimos a crise econômica se agravar a cada dia. Todos os indicadores da economia são negativos. O PIB teve recuo de 1,9% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o primeiro (-0,7%). O desemprego, que também é um indicativo da recessão, foi de 8,3% no segundo trimestre, o equivalente a 8,4 milhões de pessoas.

Em resumo, o ajuste fiscal está causando recessão e desemprego e ainda assim a receita mágica defendida pelo governo e empresários é mais ajuste fiscal! Isso por que para eles o que interessa, em meio à atual crise, é salvar seus lucros e privilégios.

Neste sentido, o governo do PT- PMDB e a oposição de direita chefiada pelo PSDB não têm diferenças. Todos eles estão a favor de passar a conta da crise para o povo, com medidas como a Reforma da Previdência, ataques aos direitos, etc. O PSDB critica o PT, mas onde é governo, faz o mesmo. Cortes nos investimentos e ataques aos direitos estão sendo feitos pelo governo de São Paulo, no Rio Grande do Sul, Paraná e até aqui na região, em Taubaté.

Por tudo isso, os trabalhadores não podem depositar confiança no governo do PT, nem no PDMB, PSDB ou no Congresso Nacional que está aí. É preciso derrotar este ajuste fiscal. Que os ricos paguem pela crise. Nas lutas e nas ruas podemos construir uma alternativa de esquerda e dos trabalhadores para o país.

Toninho Ferreira é presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal

Artigo publicado no jornal O Vale, de 18 de setembro de 2015