Artigo: A crise e a saída para os trabalhadores

3/8/2015 - Por Toninho Ferreira *
Mais uma pesquisa mostrou a queda vertiginosa da aprovação dos brasileiros ao governo Dilma. Segundo levantamento feito pelo instituto MDA, 70,9% dos entrevistados avaliam o governo como ruim ou péssimo. Apenas 7,7% dizem que é ótimo ou bom. Os índices são menores que os de Collor no período pré-impeachment.

Poderia se questionar a pesquisa, mas basta andar nas ruas, falar com os trabalhadores e a população para constatar. O governo não está apenas no volume morto, como disse Lula. Está abaixo disso e é só analisar o que ocorre no país para entender por quê.

O povo está indignado com a traição deste governo. Diante da crise econômica, estão jogando a conta nas costas dos trabalhadores. A política de austeridade aplicada na Europa aqui tem o nome de ajuste fiscal. Em bom português: uma política de arrocho contra o povo para garantir os lucros dos banqueiros, grandes empresários e corruptos.

Desde a reeleição, Dilma não tem feito outra coisa senão atacar os direitos do povo. São cortes de direitos trabalhistas e dos investimentos sociais, aumento do desemprego, inflação, privatizações, etc, sem contar a corrupção. As duas mais recentes medidas aumentaram a idade mínima para a aposentadoria, com o Fator 85/95, e criaram o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) que reduz os salários dos trabalhadores, mas não impede que as empresas demitam depois do fim do programa, após uma carência de no máximo quatro meses. Ou seja, é uma falsa estabilidade. Quem ganha com esse PPE são, novamente, as empresas que já foram beneficiadas nos últimos anos com isenções e incentivos fiscais.

Com o derretimento da aprovação de Dilma e do PT, que também tem reflexos nas prefeituras petistas, como a de Carlinhos, em São José, a oposição, com o PSDB e o PMDB à frente, se assanha para sangrar o governo e obter vantagens com a crise. Mas, é novamente a hipocrisia da falsa polarização que assistimos na eleição. O PSDB já governou o país e fez o mesmo: ataques aos trabalhadores, privatizações, corrupção, cortes nos investimentos sociais para pagar superávit primário.

Aliás, basta ver o governo Alckmin, em São Paulo, ou o governo de Beto Richa, no Paraná, ambos do PSDB. Estão envolvidos até o pescoço em escândalos de corrupção, atacaram professores em greve e aplicam a mesma política de ajuste fiscal. Na votação do PL da terceirização e na aprovação do financiamento privado de campanha, o PSDB (inclusive o deputado da região Eduardo Cury) votou em peso a favor das medidas que significam ataques aos direitos e continuidade da corrupção.

A Operação Lava-Jato mostra que os corruptores são as grandes empresas, que financiam as campanhas eleitorais dos partidos e nisso não se diferencia o PT do PSDB. Ambos são financiados por empresas e bancos e governam para eles.

A saída para os trabalhadores é dar um basta a Dilma/PT, PMDB e PSDB.

Os trabalhadores devem organizar uma grande mobilização neste país para derrotar o ajuste fiscal e os ataques do governo e do Congresso e nas lutas construir uma alternativa de governo classista e socialista. Não podemos repetir os erros do PT, de aliar-se a empresários e corruptos e governar o país para eles. Os trabalhadores nas ruas, em luta, é que vão mudar o Brasil.


Toninho Ferreira é suplente de deputado federal e presidente do PSTU de São José dos Campos
Artigo publicado no jornal O Vale, em 1 de agosto de 2015