Metalúrgicos de São José elegem CSP-Conlutas para direção do Sindicato e reafirmam perfil classista e combativo


27/2/2015 - Urna a urna, os resultados iam revelando a decisão dos metalúrgicos de São José dos Campos, na apuração da eleição da nova diretoria do Sindicato, ocorrida na quinta-feira, dia 26. Em todas as 50 urnas do pleito, a Chapa 1, da CSP-Conlutas, foi vencedora e ao final obteve 75% dos votos válidos contra 25% da Chapa 2, ligada à CUT e CTB.

É um resultado histórico. Primeiro porque a grande margem de vantagem é a maior votação dos últimos 20 anos. Mas, mais do que números, a eleição, que ocorreu nos dias 24 e 25, entra para a história, pois aconteceu em meio à forte greve da GM, fazendo jus à tradição deste Sindicato, que, acima de tudo, sempre apostou no caminho da mobilização para defender os direitos da categoria.

A patronal até que tentou. Fez as manobras de sempre para tentar derrotar a direção combativa e classista do Sindicato, que tantas lutas já fez contra os ataques dos governos e patrões. Mas os metalúrgicos(as) mandaram um recado claro: querem uma direção combativa e independente dos patrões e dos governos para dar continuidade ao projeto de luta e resistência em defesa de seus direitos e reivindicações.

Ainda que não se tratem somente de números, alguns são simbólicos. Na GM, onde a Chapa de CSP-Conlutas chegou a ficar em segundo lugar nas eleições passadas, este ano a Chapa 1 ganhou em todas as urnas e obteve em média 67% dos votos . Na Sun Tech, fábrica majoritariamente formada por mulheres, a Chapa da CSP-Conlutas conquistou 94% dos votos. Na Chery, montadora chinesa recém-instalada na região, mas onde os trabalhadores já se mobilizaram por suas reivindicações, a Chapa 1 teve 87% dos votos válidos.


Uma chapa formada pela base
Iniciado em novembro do ano passado, todo o processo eleitoral foi marcado pelo debate democrático junto à base. A própria chapa da CSP-Conlutas foi formada a partir da realização de prévias e assembleias.

Os trabalhadores das principais fábricas da categoria puderam escolher democraticamente os companheiros e companheiras que formariam a Chapa 1. Num exemplo de democracia operária, as prévias permitiram a formação de uma chapa representativa e ligada à categoria. Ao longo da campanha, isso também permitiu a participação ativa de cipeiros, delegados sindicais e apoiadores.

Vale destacar ainda, a ousadia da chapa em unir experiência com uma forte renovação. Mais de 50% da chapa é composta por novos diretores. Dirigentes históricos da categoria como Luiz Carlos Prates (Mancha), Adilson dos Santos (Índio), Rosangela Calzavara, José Donizete de Almeida, José Francisco Sales, Ademir Tavares da Paixão, entre outros, saíram nesta gestão, para dar lugar a uma nova vanguarda e geração de ativistas.

Destaque também para a chegada de seis trabalhadoras metalúrgicas, numa importante representação feminina que irá fortalecer o trabalho de defesa das mulheres na próxima gestão.

Num inédito processo de formação, a Chapa 1 realizou plenárias semanais com os candidatos e ativistas envolvidos na campanha sobre temas variados, como história do movimento operário, burocratização, machismo e conjuntura. Tudo para avançar a consciência classista dos ativistas.

O programa da CSP-Conlutas inclui a luta contra os ataques do governo Dilma, como as MP3 664 e 665 que atacam os direitos, a reforma da Previdência e o Projeto de Lei 4330 que libera a terceirização, defende medidas como a estabilidade no emprego, redução da jornada de trabalho, a proibição da remessa de lucros pelas multinacionais ao exterior.

A luta pelo fortalecimento da Organização de Base e dos mecanismos de democracia operária, como o Conselho de Representantes no Sindicato, o combate à burocratização são compromissos e metas permanentes da nova direção.

A vitória da Chapa 1 se consolidou no mesmo dia em que a greve de seis dias dos metalúrgicos da GM obrigou a montadora a recuar e garantir estabilidade aos trabalhadores em lay-off. Duas importantes vitórias, mas que mostram que a luta continua, segundo afirma Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal.

Temos pela frente o avanço da crise econômica no país e uma brutal ofensiva do governo Dilma e dos patrões contra os trabalhadores. Os metalúrgicos da GM venceram um primeiro round, mas a luta em defesa dos empregos tem um longo caminho pela frente, pois só a unidade e mobilização dos trabalhadores poderão impedir demissões. Os desafios são grandes, mas a categoria metalúrgica e seu Sindicato estão à altura. Parabéns a cada companheiro e companheira e seguiremos juntos”, disse Toninho.