FALA TONINHO: Como bem afirmou Marx, o Estado é o balcão de negócios da burguesia

3/12/2014 - Foi manchete na imprensa nesta terça-feira, dia 2, que o grupo JBS (dono das marcas Friboi e Seara), descontente com a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB) para o Ministério da Agricultura, estaria fazendo um forte lobby junto ao governo Dilma para impedir a nomeação.

O grupo JBS foi o maior doador das eleições 2014. Ao todo, o maior grupo empresarial de carnes do mundo despejou R$ 352 milhões em candidatos e partidos este ano, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Deste montante, R$ 69,2 milhões foram destinados à campanha de Dilma à reeleição.

Especula-se que apesar da pressão, a indicação de Kátia já estaria definida por Dilma. Afinal, trata-se de briga de “cachorro grande” e a nomeação da presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) tem tudo a ver com o perfil que Dilma quer imprimir ao novo mandato.

Independente se vai ser atendida ou não, o lobby da Friboi é mais uma demonstração de que, como afirmou Marx, o Estado é um verdadeiro balcão de negócios para a burguesia.

As eleições deste ano foram as mais caras da história: R$ 5 bilhões. Um investimento com retorno garantido para as empreiteiras, bancos e empresas doadoras. A Operação Lava a Jato está ai para provar.

O país nas mãos de banqueiros, empresários e do agronegócio
As nomeações dos novos ministros também confirmam o que já se podia prever, apesar de muitos não quererem ou preferirem ignorar. O novo governo de Dilma tende a ser ainda mais conservador e impor medidas ainda mais neoliberais, para garantir os lucros de bancos, empresas e do agronegócio, diante do agravamento da crise econômica no país.

É isso o que explica Joaquim Levy, um banqueiro no Ministério da Fazenda, Kátia Abreu, uma latifundiária no Ministério da Agricultura, e Armando Monteiro Neto, um empresário como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (diga-se de passagem, cuja família é dona da destilaria Araguaia, flagrada ao menos cinco vezes por manter trabalhadores em condições de trabalho escravo).

Não é a toa que a revista Veja, expressão máxima das demandas conservadoras e da direita nno país, elogie as novas medidas de Dilma.

E não é que o atual ministério de Dilma já não abrigue representantes do grande empresariado. Contudo, o curioso é que nas eleições deste ano, a mais disputada e polarizada desde 1989, houve setores da esquerda que defenderam o voto em Dilma para impedir a “volta da direita”, “medidas neoliberais”. Agora, diante de tanta contradição, há quem diga que “no fundo é só encenação”. Dilma estaria só enganando o mercado... O pior cego é aquele que não quer ver.

Aos trabalhadores e a juventude só resta um caminho: será preciso muita luta e organização para defender direitos e impedir os ataques que o governo Dilma já deu início, como a proposta de reduzir jornada de trabalho, com redução dos salários ou as parcelas do seguro desemprego.










Por Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos e 1° suplente de deputado federal