Artigo: Basta de violência contra a população negra da periferia


22/8/2014 - A juventude negra e pobre vai às ruas nesta sexta-feira, dia 22, denunciar o aumento da violência cometida pela Polícia Militar nas periferias do Brasil e do mundo. A Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro acontece em São Paulo e vai exigir o fim desta situação.

Em nosso país, a violência policial cresceu 111% apenas este ano, uma dura realidade que, infelizmente, tem cor e classe social bem demarcadas. Segundo o último mapa da violência no Brasil, um jovem negro tem 139% mais chances de ser morto na rua do que um jovem branco. Casos como o de Amarildo, Douglas, o dançarino DG e Cláudia, todos mortos pela PM, são apenas alguns exemplos de uma triste realidade vivida por milhares de pessoas no país, que tem a maior população negra fora da África.

Essa violência policial é legitimada pelo racismo disfarçado de “justiça”, em que primeiro se mata, para depois perguntar o nome. O preconceito racial é uma característica típica da PM, que vê na população negra um potencial inimigo.

Não são raros no Brasil casos absurdos como o ocorrido na última semana, em Ferguson, nos Estados Unidos, onde um policial matou com seis tiros o jovem Michael Brown, que estava desarmado. O episódio chocante provocou revolta e grandes protestos por parte da população daquela cidade.

Desigualdade social
Mas a principal razão para tanta violência está na grande desigualdade econômica e de direitos sociais que atingem particularmente a população negra. Uma herança da escravidão, que os governos comandados pelos ricos e poderosos não têm interesse em resolver.

Passados 12 anos em que o Brasil é comandado pelo PT, a população extremamente pobre, que vive com menos de um dólar por dia, está estimada em 16 milhões de pessoas, das quais, 71% são negras.

A presidente Dilma, assim como fazia Lula, defende o Bolsa Família como a salvação da lavoura para acabar com a pobreza no país. Mas enquanto destinou R$ 4 bilhões ao programa no ano passado, repassou aos banqueiros R$ 718 bilhões para pagamento dos juros da dívida pública. Ou seja, está claro que o compromisso do governo é com os empresários e não com a população pobre.

Não é possível acabar com a pobreza sem emprego, melhores salários, educação, saúde, moradia de qualidade. Entretanto, os trabalhadores negros seguem recebendo os menores salários, em média 57% dos rendimentos de um branco, e sendo a parcela da população com menos acesso aos serviços públicos.

Essa situação não vai mudar enquanto tivermos governos financiados e a serviço dos grandes empresários, banqueiros e ruralistas, que precisam manter as desigualdades para sustentar seus lucros.

Por Raquel de Paula, do Movimento Quilombo Raça e Classe e candidata a deputada estadual pelo PSTU