6ª Cúpula dos Brics: mais uma farsa capitalista

15/7/2014 - Nos dias 15, em Fortaleza, e 16 de julho, em Brasília, os presidentes dos países que fazem parte do grupo chamado Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se reúnem para tentar mostrar a suposta “força dos países emergentes” na política mundial e definir as diretrizes do grupo nos próximos anos.

A principal intenção da 6ª Cúpula dos Brics é criar o Novo Banco de Desenvolvimento, o NDB. Esse órgão serviria como uma espécie de Fundo Monetário Internacional (FMI), com o objetivo de garantir o crescimento, investimentos e desenvolvimento dos países em desenvolvimento, sem que eles tenham de se submeter às imposições do FMI.

O capital do NBD tem previsão inicial de US$ 50 bilhões, podendo chegar a US$ 100 bilhões. Seria o chamado “arranjo de contingente”, com o objetivo de garantir um fundo de reservas de emergência, que poderá ser sacado pelos países do grupo. A instituição começaria a operar em 2016.

Muda-se o explorador...
No papel é tudo muito bonito, mas na prática as coisas não funcionam exatamente dessa maneira. Longe de significar um avanço para os trabalhadores desses países, o objetivo do grupo ainda é o de sobrepor os interesses econômicos sobre os sociais. Muda o explorador, mas os explorados continuam sendo os trabalhadores.

Nos países do bloco, são frequentes as denúncias de violação aos direitos trabalhistas e até mesmo democráticos. As péssimas condições de trabalho da China são amplamente conhecidas, assim como a repressão enfrentada pelo movimento trabalhista na África do Sul e no Brasil.

No início da crise econômica mundial, as multinacionais investiram nos Brics para contrabalançar a crises de suas matrizes e retomar seus lucros. Essa situação impediu que estes países acompanhassem a dinâmica de recessão e desaceleração econômica visto nos EUA e na EU.

Contudo, hoje o cenário é bem diferente. Há uma dinâmica de recuperação da economia dos países imperialistas. Nos EUA, por exemplo, o governo de Barack Obama já planeja terminar com as políticas de reativação econômica.

Enquanto isso, os preços dos produtos primários estão caindo. Nos últimos dois anos, o preço do cobre caiu 35%, o de ferro 40% e o de ouro 36%. Ainda que em menor medida, os preços dos alimentos também têm uma tendência de baixa: o preço da soja baixou de 610 dólares, em julho de 2012, para US$ 520 na atualidade; o do trigo (que era US$ 360) caiu para US$ 320; e o milho, caiu de US$ 340 a US$ 300.

Mudança da política financeira dos EUA, como o aumento das taxas de juros para os bônus do tesouro norte-americano, também provocam uma retração dos investimentos e do fluxo de capitais para os Brics.  A China, por sua vez, deixou pra trás os tempos em que crescia com índices de dois dígitos do PIB. Desde 2011, a economia do país começou a sofrer quedas sucessivas, chegando a 7,6% em 2013. Naturalmente, isso vai afetar os demais países dos Brics, em particular o Brasil.

Prevendo um futuro turbulento no próximo período, a reunião dos Brics vai se concentrar muito mais em responde a sua desaceleração econômica do que qualquer suposta proposta de “alternativa” ao domínio imperialista ou uma redesenho “equitativo” da geopolítica mundial.

Mesmo a proposta de criar um “Banco dos Brics” não significa uma alternativa contra- hegemônica ao imperialismo, mas sim a dura realidade de que estes países não estão imunes à crise mundial. Entre a retórica e a realidade, a orientação dos Brics passa longe de qualquer desafio sério ao imperialismo.

Farsa capitalista
Para denunciar mais essa farsa do capitalismo, a CSP-Conlutas e outras entidades de luta farão mobilizações durante a Cúpula. É mais uma oportunidade de denunciar a ganância dos banqueiros e dos governos que seguem colocando os lucros acima da vida dos trabalhadores.

Levando mais uma vez às ruas as vozes que ecoaram em junho do ano passado, os manifestantes vão pedir o fim da criminalização dos movimentos sociais e a defesa dos interesses da classe trabalhadora dos países do Brics.

Essas manifestações são parte dos encaminhamentos do Encontro Nacional do Espaço de Unidade de Ação, realizado em março deste ano. Farão parte da atividade entidades como o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o Bloco de Lutas em Defesa do Transporte Público de Porto Alegre, o Comitê contra a criminalização dos movimentos sociais, a CSP-Conlutas, entre outros.

Os trabalhadores desses países não precisam de mais um banco, que só vai explorá-los para garantir os lucros de uma meia dúzia. Queremos mais direitos trabalhistas e garantias democráticas, como o fim da repressão aos lutadores. Chega de ataques à classe trabalhadora”, afirma o candidato a deputado federal  pelo PSTU, Toninho Ferreira.

Confira o calendário de atividades da CSP-Conlutas 

- Dia 14/7, segunda feira – organização das atividades e discussão interna da Central em relação à organização das atividades.

- Dia 15/7, terça-feira, manhã- debate sobre Criminalização dos Movimentos Sociais em unidade com a Consulta Popular e outros setores

- Dia 15/7 terça-feira, tarde – Ato de rua em local a definir

- Dia 16/7 quarta-feira, manhã – Plenária da CSP-Conlutas Nordeste, em local a definir

- Dia 16 /7 quarta-feira, tarde – Plenária da ANEL às 14h, em local também a definir

Com informações PSTU e CSP-Conlutas



Por Douglas Dias