Epidemia de dengue: a responsabilidade dos governos

13/5/2014 - O avanço da dengue em cidades do Vale do Paraíba e Litoral Norte tem causado apreensão e insegurança na população. A doença já atinge 20 das 39 cidades da região, com quase oito mil vítimas.

Em seis municípios, a situação é de epidemia. O quadro mais grave é em Taubaté, que figura como uma das cidades mais atingidas no estado, com 2.754 registros. Em seguida, está Ilhabela com 1.888 casos e Pindamonhangaba com 1.193 registros veja tabela abaixo).

Em todo o Estado de São Paulo, o número de casos aumentou 61,92% em um mês, segundo balanço divulgado no último dia 9, pela Secretaria Estadual da Saúde. De janeiro até o dia 7 de maio, foram 54.423 registros. Até o início de março, haviam sido 33.609 casos.

Falta de combate e prevenção
Lamentavelmente, os surtos e epidemias de dengue têm se tornado recorrentes, ano após ano, a exemplo das enchentes e deslizamentos das épocas de chuvas, por falta de combate e prevenção.

Em Taubaté, que sofre a segunda pior epidemia de sua história, vereadores ameaçam criar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso. O presidente da Câmara questiona os números oficiais da Prefeitura e estima que os casos podem atingir até 10% da população da cidade.

A CPI investigaria também as ações de combate e prevenção implementadas pela Prefeitura. Denúncias apontam que o município teria reduzido os investimentos para a Vigilância Epidemiológica.

O fato é que as campanhas de esclarecimento dos governos focam no papel da população. Os moradores é que devem se preocupar com os pneus, vasinhos de planta, caixas d´água e recipientes descobertos. Afinal, o mosquito da doença se prolifera em contato com água parada.

São campanhas educativas corretas e que devem continuar. Contudo, o que essas campanhas não falam é que os governos também não fazem a sua parte. Os investimentos públicos em saúde e saneamento básico são cada vez mais escassos.

Segundo especialistas, uma boa política de combate à dengue tem de estar vinculada à coleta de lixo e fornecimento de água eficientes, pois problemas relacionados a falta de saneamento básico contribuem decisivamente para o aumento do risco da doença. É o caso de várias cidades do país e também no Vale.

Estudos prévios como o Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegyptu (LIRAa), feito pelo Ministério da Saúde, e o próprio histórico das cidades dão condições para prever riscos de surtos e epidemias da doença.

Cabem aos governos ações permanentes para evitar o agravamento do problema, como ações educativas e preventivas, mas para isso é preciso investimentos, seja em saneamento básico, contratação de agentes e fiscais de saúde, equipamentos, inseticidas, limpeza pública, entre outras medidas, para evitar que a população seja penalizada.

Por Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos


Casos registrados
Taubaté                2.754
Ilhabela                1.888  
Pindamonhangaba        1.193  
São Sebastião           723  
Ubatuba                   528
Tremembé                 258
São José dos Campos   216  
Caraguatatuba   217  
Caçapava    39
Jacareí     26
Cruzeiro             23  
Guaratinguetá             17
Aparecida    16  
Lorena              7
Natividade da Serra      4  
Campos do Jordão      3
Cachoeira Paulista      2  
Queluz              2
Redenção da Serra      1  
Roseira              1

* Fonte: G1 (Secretaria do Estado da Saúde e prefeituras)