Uma alfinetada contra o machismo e a violência

7/4/2014 - “Não me encoxa, que eu não te furo”. Com este lema, o Movimento Mulheres em Luta (MML) realizou um protesto contra o machismo e a violência às mulheres, na última sexta-feira, dia 4. Na estação Capão Redondo do metrô, na zona sul de São Paulo, foram distribuídos 500 kits, com o lema da campanha e um alfinete de costura.

A iniciativa denuncia o caos em que se encontra o transporte público de São Paulo e todo o assédio que as mulheres trabalhadoras enfrentam diariamente diante da superlotação dos ônibus, trens e metrôs.

O MML defende que as mulheres têm o direito de se defender. A distribuição dos alfinetes retoma uma prática já conhecida de muitas mulheres que usam a peça para ter um mínimo de autodefesa perante “encoxadores”.

Caos no transporte
Não bastasse a humilhação diária que a própria superlotação dos transportes coletivos impõe aos trabalhadores no dia a dia, as mulheres são ainda mais penalizadas, pois têm de enfrentar abusos e ataques sexuais. Homens, que se autodenominam “encoxadores” têm protagonizado casos absurdos de violência no ultimo período.

Em 2012, foram 87 ocorrências. Em 2013, foram 96 e, esse ano, só nos três primeiros meses, já foram registrados 30 casos somente no metrô, passando de uma média de 7,5 para 10 casos registrados por mês. Na CPTM, a média é semelhante. Até o dia 20 de março, foram presos 17 acusados de ataques no metrô e nos trens da CPTM.

As agressões vão desde fotos das partes íntimas tiradas sem consentimento, homens se esfregando ou apalpando as mulheres, ejaculações com o pênis para fora da calça e até estupros.

Sabe-se, porém, que os casos são muito mais numerosos, pois a maioria das mulheres não denuncia com medo e vergonha do constrangimento que sofrerão ao denunciar esse tipo de agressão.

O MML denuncia que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) não faz absolutamente nada para dar um basta a essa violência que milhares de mulheres sofrem todos os dias e, o que é pior, estimula a situação. Em uma propaganda oficial do metrô, veiculada na rádio Transamérica, um personagem dizia que metrô lotado é bom para "xavecar a mulherada". Depois da reação dos movimentos de mulheres e da repercussão negativa, a propaganda foi retirada do ar.

Banalização da violência à mulher
Recentemente, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou uma pesquisa em que 65% dos entrevistados concordava, total ou parcialmente, com a frase: “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.

Posteriormente, o instituto admitiu um erro e corrigiu o índice para 26%. Mas, esse índice significa ainda que a cada quatro pessoas, uma pensa dessa forma. Um absurdo!

O número foi invertido com outra pergunta: 65,1% dos consultados concordam total ou parcialmente com a afirmação "Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar".

À pergunta “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros''. 58,5% dos entrevistados concordaram total ou parcialmente. Ou seja, os dados continuam confirmando que o Brasil é um país machista e violento.

A pesquisa é um reflexo da vida das mulheres de nosso país. A cada 12 segundos, uma mulher é estuprada. Por dia, 15 mulheres morrem vítimas de violência machista.

O fato é que os governos tratam com descaso e negligência essa situação epidêmica de violência à mulher. Os investimentos do governo federal, nos últimos 10 anos durante o governo do PT, divididos pelo total de mulheres no país resulta na vergonhosa cifra de 26 centavos em média por mulher ao ano.

Chega de violência! Os governos federal, estadual e municipais devem uma resposta às mulheres trabalhadoras! Viver sem violência é um direito e os governos têm de garantir esse direito!

- Basta de violência nos transportes públicos lotados! Punição aos agressores!

- Imediata campanha dos governos municipal, estadual e federal contra o assédio
e abuso sexual!

- Pelo fim dos estupros! Pelo arquivamento do Estatuto do Nascituro! Abaixo o bolsa-estupro!

- Vagão exclusivo para mulheres e proporcional ao número de usuárias.

- Investimento de 2% do PIB no transporte público!

-Transporte público 24h e iluminação dos pontos de ônibus,
garantindo segurança para as mulheres!

Com informações blog Mulheres em Luta