Sim à expansão da Unifesp em São José, mas com qualidade!
Estiveram presentes diversos estudantes, ativistas de movimentos sociais, técnicos da Universidade, bem como representantes do poder público, entre eles a presidente da Câmara, Amélia Naomi, o vice-prefeito, Itamar Coppio, secretários municipais, além da reitora da Unifesp, Soraya Smaili, e o diretor da unidade de São José, Luíz Leduíno.
A preocupação sobre a expansão da universidade com qualidade foi a tônica das intervenções, além da exigência de criação de cursos nas áreas de humanas e artes para atender a uma demanda histórica da região.
Está em discussão a transferência do campus localizado na zonal sul para o Parque Tecnológico, na zona leste da cidade. Os planos da instituição é até 2020 passar o número de alunos de 1.300 para 5.000 e aumentar o número de cursos.
Nas falas dos participantes ficou clara a preocupação da população com a demanda educacional na região e o futuro dos jovens estudantes que agora terão que adaptar-se à nova realidade da Unifesp.
Não à precarização
A Unifesp é a universidade brasileira que mais sofreu com os efeitos da expansão de vagas sem o investimento necessário em uma política séria para a permanência estudantil, tais como moradia para alunos, alimentação, transporte, creches para evitar a evasão de mães estudantes, entre outros. Reflexo disso são as frequentes greves greves que exigem do governo condições mínimas aos estudantes.
A precarização, tão comentada entre os estudantes, se expressou na fala da caloura Ana Beatriz Pena que falou em nome da ANEL.
“Somos sim favoráveis à expansão, mas queremos expansão com qualidade. A mudança do campus para a região leste nos trará muitos desafios. O transporte é precário para o local e não está garantido o espaço para a organização dos estudantes. Vemos com preocupação esta mudança, que estava agendada para acontecer no dia 22 de abril, mas foi adiado sem data devido ao corte de mais 70% no orçamento do MEC, previstos para a expansão”, disse Bia.
Falando em nome da juventude do PSTU, Danilo Zanelato fez um apelo aos presentes. “Nós vimos em 2013 o poder das ruas. É hora de retomar as mobilizações e exigir dos governos mais verbas para a saúde, transporte, moradia e educação. Verbas existem, pois são milhões que estão sendo investidos nas obras da Copa. Não somos contra o futebol e sim contra o dinheiro público sendo gasto em um evento privado, cujo único legado serão remoções e uma nova legislação de repressão aos movimentos sociais, patrocinada pelo governo Dilma, que nos remete aos tempos da ditadura. Na Copa, vai ter luta sim!”, afirmou.
Em sua intervenção , o diretor Luíz Leduíno lembrou que as tratativas com a Prefeitura para disponibilização de mais linhas de ônibus, bem como de um transporte gratuito do campi zona sul até o região leste estão em aberto. Ele cobrou empenho dos poderes públicos para garantir as condições de transferência.
Fechando a audiência, a reitora Soraya Smaili cobrou medidas do governo Carlinhos para consolidar a expansão, inclusive a garantia da instalação de equipamentos de cultura para que a comunidade frequente a universidade. Disse que liberação de verbas públicas depende de vontade política e que a Frente de Prefeitos deveria tomar para si essa tarefa.
A reitora reivindicou cinemas e teatro no Parque Tecnológico, para fomentar a parceria em projetos de extensão que irão trazer a população para dentro da universidade. Cobrou ainda que o governo garanta as linhas de ônibus necessárias ao deslocamento para o novo campus.
Segundo Soraia, é preciso realizar mais audiências públicas para que a população seja ouvida e suas demandas atendidas. Ela sugeriu nova audiência no dia 29 de abril, já nas novas instalações no Parque Tecnológico.
“É de conhecimento de todos as condições em que se encontram as principais universidades públicas do país, cada vez mais elitizadas e, portanto, excludentes. Não há verbas para a garantia da permanência aos estudantes e a realidade é de sucateamento, onde faltam até mesmo papel higiênico e bebedouros”, avalia Edgar Fogaça, da juventude do PSTU, que também participou da audiência.
“Em geral, somente os filhos dos ricos, que podem pagar os materiais de estudo, o transporte e a moradia se mantêm estudantes, enquanto aos pobres resta a evasão. É preciso mudar esta realidade, invertendo as prioridades nos investimentos do governo. A juventude do PSTU está empenhada em mobilizar aos estudantes e a comunidade em geral para cobrar do poder público estas medidas. Queremos expansão sim, mas com qualidade”, disse.