Sim à expansão da Unifesp em São José, mas com qualidade!

15/4/2014 - Nesta segunda feira, dia 14, aconteceu na Câmara Municipal de São José dos Campos uma audiência pública para debater a expansão da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) na cidade.

Estiveram presentes diversos estudantes, ativistas de movimentos sociais, técnicos da Universidade, bem como representantes do poder público, entre eles a presidente da Câmara, Amélia Naomi, o vice-prefeito, Itamar Coppio, secretários municipais, além da reitora da Unifesp, Soraya Smaili,  e o diretor da unidade de São José, Luíz Leduíno.

A preocupação sobre a expansão da universidade com qualidade foi a tônica das intervenções, além da exigência de criação de cursos nas áreas de humanas e artes para atender a uma demanda histórica da região.

Está em discussão a transferência do campus localizado na zonal sul para o Parque Tecnológico, na zona leste da cidade. Os planos da instituição é até 2020 passar o número de alunos de 1.300 para 5.000 e aumentar o número de cursos.

Nas falas dos participantes ficou clara a preocupação da população com a demanda educacional na região e o futuro dos jovens estudantes que agora terão que adaptar-se à nova realidade da Unifesp.

Não à precarização
A Unifesp é a universidade brasileira que mais sofreu com os efeitos da expansão de vagas sem o investimento necessário em uma política séria para a permanência estudantil, tais como moradia para alunos, alimentação, transporte, creches para evitar a evasão de mães estudantes, entre outros. Reflexo disso são as frequentes greves greves que exigem do governo condições mínimas aos estudantes.

A precarização, tão comentada entre os estudantes, se expressou na fala da caloura Ana Beatriz Pena que falou em nome da ANEL.

Somos sim favoráveis à expansão, mas queremos expansão com qualidade. A mudança do campus para a região leste nos trará muitos desafios. O transporte é precário para o local e não está garantido o espaço para a organização dos estudantes. Vemos com preocupação esta mudança, que estava agendada para acontecer no dia 22 de abril, mas foi adiado sem data devido ao corte de mais 70% no orçamento do MEC, previstos para a expansão”, disse Bia.

Falando em nome da juventude do PSTU, Danilo Zanelato fez um apelo aos presentes. “Nós vimos em 2013 o poder das ruas. É hora de retomar as mobilizações e exigir dos governos mais verbas para a saúde, transporte, moradia e educação. Verbas existem, pois são milhões que estão sendo investidos nas obras da Copa. Não somos contra o futebol e sim contra o dinheiro público sendo gasto em um evento privado, cujo único legado serão remoções e uma nova legislação de repressão aos movimentos sociais, patrocinada pelo governo Dilma, que nos remete aos tempos da ditadura. Na Copa, vai ter luta sim!”, afirmou.

Em sua intervenção , o diretor Luíz Leduíno lembrou que as tratativas com a Prefeitura para disponibilização de mais linhas de ônibus, bem como de um transporte gratuito do campi zona sul até o região leste estão em aberto. Ele cobrou empenho dos poderes públicos para garantir as condições de transferência.

Fechando a audiência, a reitora Soraya Smaili cobrou medidas do governo Carlinhos para consolidar a expansão, inclusive a garantia da instalação de equipamentos de cultura para que a comunidade frequente a universidade. Disse que liberação de verbas públicas depende de vontade política e que a Frente de Prefeitos deveria tomar para si essa tarefa.

A reitora reivindicou cinemas e teatro no Parque Tecnológico, para fomentar a parceria em projetos de extensão que irão trazer a população para dentro da universidade.  Cobrou ainda que o governo garanta as linhas de ônibus necessárias ao deslocamento para o novo campus.

Segundo Soraia, é preciso realizar mais audiências públicas para que a população seja ouvida e suas demandas atendidas. Ela sugeriu nova audiência no dia 29 de abril, já nas novas instalações no Parque Tecnológico.

É de conhecimento de todos as condições em que se encontram as principais universidades públicas do país, cada vez mais elitizadas e, portanto, excludentes. Não há verbas para a garantia da permanência aos estudantes e a realidade é de sucateamento, onde faltam até mesmo papel higiênico e bebedouros”, avalia Edgar Fogaça, da juventude do PSTU, que também participou da audiência.

Em geral, somente os filhos dos ricos, que podem pagar os materiais de estudo, o transporte e a moradia se mantêm estudantes, enquanto aos pobres resta a evasão. É preciso mudar esta realidade, invertendo as prioridades nos investimentos do governo. A juventude do PSTU está empenhada em mobilizar aos estudantes e a comunidade em geral para cobrar do poder público estas medidas. Queremos expansão sim, mas com qualidade”, disse.