De novo: montadoras negociam mais um pacote de estímulos com governo

4/12/2013 - A Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores) negocia com o governo da presidente Dilma (PT) um novo pacote de medidas para estimular o setor.

Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo, a entidade pede que o governo mantenha a atual redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), renove as linhas de financiamento do PSI (Programa de Sustentação do Investimento) no próximo ano e crie um programa de modernização do setor de máquinas agrícolas e rodoviárias, o chamado Inovar-Máquinas.

A redução do IPI foi anunciada pelo governo em maio de 2012 e prorrogada diversas vezes desde então. Apenas com o corte deste imposto o governo deixou de arrecadar mais de R$ 16 bilhões nos últimos dois anos.

Por outro lado, segundo dados do Banco Central, de janeiro a setembro deste ano, as remessas dos fabricantes de veículos somaram US$ 2,57 bilhões. O valor está 87% acima dos US$ 1,37 bilhão enviados no mesmo período de 2012 e já supera o total do ano passado inteiro (US$ 2,44 bilhões).

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que o IPI voltaria a subir, em janeiro de 2014, passando de 2% para 7% nos veículos 1.0, de 7% para 11% nos veículos entre 1.0 e 2.0 flex, e de 8% para 13% nos demais veículos.

No entanto, com a movimentação da Anfavea, o governo já ensaia um recuo.

Outras frentes
Juntamente com outras nove entidades, entre as quais estão o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), a Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores) e o Sindipeças, a Anfavea criou ainda um Programa Nacional de Renovação de Frota.  O projeto foi entregue ao Ministério do Desenvolvimento no último dia 25, em Brasília.

Com a medida, as entidades querem criar linhas de financiamento para a substituição da frota de caminhões antigos, com mais de 30 anos de uso, por novas unidades. A meta é substituir mais de 200 mil caminhões nessas condições em todo o país.

A Anfavea não revela as reivindicações sobre o tema, mas acredita-se que sejam solicitados aos governos federal e estaduais novos pacotes de estímulo com desonerações e isenções de impostos.

“Independente dos recordes de produção e vendas dos últimos anos e as isenções fiscais do governo, as montadoras ainda querem mais. É um saco sem fundo. Na prática, o governo usa dinheiro da população, retirado da saúde e educação, para garantir a remessa de lucro das montadoras para suas matrizes. Este é o modelo da atual política econômica do governo a serviço sempre dos interesses das grandes empresas e bancos”, afirmou o presidente do PSTU, Toninho Ferreira.

Por Douglas Dias