Absurdo: vereadores de São José querem homenagear Ivan Sartori, responsável por desocupação do Pinheirinho

12/11/2013 - A Câmara de São José dos Campos coloca em votação nessa semana projeto da vereadora Amélia Naomi (PT) que concede o título de cidadão joseense a Ivan Sartori, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, um dos principais responsáveis pela cruel desocupação do Pinheirinho, em 2012.

Para o presidente do PSTU de São José, Toninho Ferreira, é lamentável que a Câmara vote um projeto para homenagear esse senhor, responsável por um dos episódios mais tristes da cidade.

Sartori foi um dos principais responsáveis pela forma como a desocupação do Pinheirinho aconteceu, com uma série de violações de direitos, tendo se empenhado pessoalmente com todo o vigor para jogar na rua milhares de famílias.

Como se não bastasse a falta de importância de tal projeto em meio a tantas necessidades da população que são desconsideradas, é um desrespeito homenagear quem violou tantos direitos naquela desocupação, condenada mundialmente. Sem contar que sai legislatura, entra legislatura, e a Câmara de São José continua atuando de forma ineficiente e contra os interesses do povo”, afirmou Toninho.

"Repudiamos essa medida e, ao contrário, ele não é bem vindo a nossa cidade e deveria ser considerado persona non grata", afirmou o presidente do PSTU.

Em outubro, durante uma palestra de Ivan Sartori na Univap, três mulheres ligadas aos sem-teto fizeram um protesto pacífico estendendo um cartaz com os dizeres "Somos todos Pinheirinho".

Violações no Pinheirinho: não esqueceremos!
No dia 31 de outubro, o Ministério Público de São Paulo denunciou à Justiça o coronel da Polícia Militar Manoel Messias Melo que comandou a reintegração de posse do Pinheirinho. Ele foi acusado de abuso de autoridade e de expor a vida e a saúde de pessoas a perigo direto.

O promotor Laerte Fernando Levai destaca que houve violência generalizada: “a reintegração da área foi feita com lançamento de bombas de gás e tiros de borracha nos moradores, e nem mesmo as crianças foram resguardas dos atos violentos, presenciando elas, muitas vezes, seus próprios pais apanhando da polícia”.

Ainda de acordo com a denúncia, “os relatos constantes dos presentes autos indicam que os moradores, muitos deles surpreendidos enquanto dormiam, foram postos para fora das casas sem tempo sequer para retirar seus pertences, sob o efeito de bombas de gás, tiros de balas de borracha, golpes de cassetete e spray de pimenta nos olhos, quando as entradas do Pinheirinho estavam todas elas cercadas pelas tropas militares, sendo ali impedido o acesso dos advogados, dos representantes dos moradores e da imprensa”.

Para Toninho a denuncia é um primeiro e importante passo para reconhecer a ilegalidade que foi a desocupação do Pinheirinho. Mas ainda há muito pela frente para garantir justiça e reparação às famílias.

É preciso que, de fato, os responsáveis sejam punidos. Não apenas o coronel que comandou a reintegração, mas também os policiais acusados de tortura e estupro no Campo dos Alemães.

O prefeito Carlinhos (PT) também tem de investigar e punir o guarda municipal que baleou um morador do Pinheirinho”, disse Toninho. “Nunca esqueceremos! Nossa luta continua por justiça e indenização pelos danos morais e materiais sofridos pelas famílias”, concluiu.