Uma verdadeira guerra cotidiana: PM mata seis pessoas por dia no Brasil!

12/11/2014 - O verdadeiro genocídio que assistimos nas periferias deste país ganhou sua expressão em números essa semana. Segundo o 8º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia brasileira matou uma média de seis pessoas por dia, nos últimos cinco anos. Foram 11.197 mortos, entre 2009 e 2013.

Absurdamente, esse número de mortes é maior do que a polícia dos Estados Unidos matou em 30 anos (11.090 mortes). De acordo com o anuário, a polícia que mais mata no país é a do Rio de Janeiro, seguida pela polícia de São Paulo e da Bahia.

Embora os números apresentados pelo fórum já sejam estarrecedores, podemos afirmar que ainda não refletem a dura realidade, pois a subnotificação das mortes causadas pela polícia é a regra. Não podemos esquecer os “autos de resistência seguidos de morte”, que todos sabem que são usados em inúmeros casos para encobrir execuções à queima roupa feitas pela PM.

O fato é que essa situação de barbárie é resultado da política de “insegurança” pública aplicada pelos governos.

Ao invés de resolver os graves problemas sociais que estão na base dos índices de criminalidade ou ter uma política consequente de combate ao narcotráfico, os governos apostam na violência do Estado e repressão policial contra os pobres. É assim que age, por exemplo, o governo Geraldo Alckmin, que comanda a segunda polícia mais violenta do país.

Porém, os alvos da polícia não são indiscriminados. Têm cor e classe social.

Dados da Anistia Internacional mostram que, em 2012, 77% dos jovens entre 15 e 29 assassinados são negros. Pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) revela que a proporção de jovens negros mortos pela polícia é três ou quatro vezes maior que a de brancos. No Rio, a cada 100 mil habitantes, 3,6 negros são mortos pela polícia, contra 0,9 brancos. Já em São Paulo essa relação é de 1,4 negros para 0,5 brancos.

É a criminalização da pobreza e da juventude negra das periferias.

É preciso dar um basta nessa situação. É urgente desmilitarizar a PM, pondo fim a esse entulho da ditadura militar, com a formação de uma polícia civil única, controlada pelas comunidades, e com direitos democráticos como o de greve e sindicalização.

Por Toninho Ferreira, presidente PSTU de São José dos Campos e 1° suplente de deputado federal