Todo apoio à greve dos metroviários

6/6/2014 - Diante da intransigência do governo, metroviários aprovam continuidade da greve. Alckmin se nega a liberar as catracas e coloca a população em risco para forçar o funcionamento de algumas linhas

O governo de Geraldo Alckmin (PSDB) reforçou sua truculência e ameaçou com demissões. Já a grande imprensa cumpriu seu papel habitual e faz uma intensa campanha contra os trabalhadores. Mas não adiantou. Dando seqüência à forte greve deflagrada nesse dia 5, os metroviários aprovaram a continuidade da paralisação em assembleia realizada na noite dessa quinta-feira.

Durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os metroviários reduziram a reivindicação de 16,5% para 12,2% , num esforço para negociar o fim da paralisação. A empresa e o governo, porém, se mantiveram intransigentes e se negaram a oferecer algo a mais de 8,7%, proposta já rejeitada por unanimidade durante a assembleia dos metroviários. “Essa proposta apresentada pelo Metrô é inferior ao que várias categorias estão conquistando, como os rodoviários, que ganharam 10%”, relata Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários e militante do PSTU.

Catraca livre e descaso do governo
Em contrapartida, os metroviários lançaram mais uma vez a proposta de voltar a trabalhar, com desconto em folha inclusive, se o governo liberar as catracas em alternativa à greve. Ou seja, os trabalhadores do Metrô aceitam trabalhar com todo o efetivo e ter o dia descontado, desde que o governo libere as catracas. Pela lei, se os metroviários liberarem as catracas por conta própria podem ser demitidos por justa causa.

Enquete realizada pelo site R7 questionando se o governo deveria ou não liberar as catracas dava mais de 86% a favor da medida proposta pelo sindicato e os metroviários. O governo, porém, voltou a recusar a proposta, mostrando que pouco liga para os transtornos à população que ele mesmo causa.

O descaso do governo vai além. Para garantir o funcionamento de parte das linhas do Metrô, parte da administração está sendo pressionada a operar os trens. Estes funcionários, no entanto, não contam com preparo técnico para realizar a tarefa de maneira segura.

Com a greve, os trens e a malha ferroviária seguem sem manutenção, o que pode causar falhas e acidentes. Com greve total nos setores de manutenção e de operação de trens, caso ocorra qualquer falha técnica, não será possível resolvê-la. O governo Alckmin está pondo a vida da população em risco para evitar mais desgaste político.

A greve continua, Alckmin a culpa é sua!

A luta dos metroviários é legítima. Durante a reunião de conciliação, contudo, a juíza Rilma Hemérito argumentou que os metroviários deveriam operar 100% dos trens em horário de pico e reafirmou que nos outros horários a operação tem que ser de 70%. Esse tipo de determinação por parte da Justiça acaba com qualquer tipo de paralisação e é uma afronta ao direito constitucional de greve.

A precarização do metrô de São Paulo é cotidiana. O metrô não opera com 100% de capacidade nem mesmo nos dias normais. Não há estrutura nem quadro de funcionários para isso. O sufoco diário é fruto do desmonte que o transporte público vem sofrendo. Só no caso do propinoduto tucano já foi descoberto o desvio de R$ 450 milhões, além de outras operações fraudulentas com as licitações da Alstom. E o dinheiro que deveria servir para melhorar o Metrô vai parar no bolso dos corruptos.

Existe dinheiro para ser investido no transporte público de São Paulo, mas acabar com o sufoco de quem pega metrô todo dia não é prioridade do governo Alckmin, como não foi nesses últimos 20 anos de governos do PSDB no estado.

Greve segue forte
O clima na categoria é de vitória, mesmo sem o avanço nas negociações por parte da empresa e do governo e as inúmeras ameaças, inclusive de demissão. Os metroviários entendem que há espaço para lutar e mostrar à população que é possível ter um Metrô de qualidade, mas que para isso é preciso combater a corrupção e usar esse dinheiro para investir e ampliar a malha ferroviária.

O desafio está lançado: os metroviários estão dispostos a negociar suas reivindicações e se propõem até a trabalhar de graça, desde que a catraca seja livre para a população. É a postura intransigente e truculenta do governador Alckmin e não a luta dos metroviários que prejudica a população. 




Por Martha Piloto, de São Paulo (fonte: www.pstu.org.br)