Precisamos de uma alternativa dos trabalhadores contra o governo do PT e contra a direita


12/3/2015 Nosso país vive uma escalada na crise econômica que o governo, os bancos e o grande empresariado tratam de descarregar nas costas dos trabalhadores. Vive também uma grave crise política, envolvendo o governo e sua base de sustentação no Congresso Nacional.
A presidenta Dilma foi à televisão no domingo passado pedir paciência para os trabalhadores e para contar mais uma mentira: que o ajuste fiscal que seu governo está fazendo distribui sacrifício para todos. Na verdade, o seu governo está atacando o seguro-desemprego, o abono do PIS, a pensão por morte dos trabalhadores e cortando verbas da educação pública, tudo isso para repassar mais dinheiro público aos bancos e especuladores internacionais. O governo se comprometeu a repassar aos bancos quase R$ 100 bilhões só este ano. E quer tirar estes R$ 100 bilhões do bolso dos trabalhadores.
A conversa fiada, de que se trata de “correção de distorções” é só mais um abuso. Se as políticas sociais estão sofrendo fraudes, então por que o governo não manda prender quem está fraudando, ao invés de acabar com o direito social que beneficia os trabalhadores? Por outro lado, que moral tem este governo para cortar direitos dos trabalhadores alegando fraude? Quem é que está envolvido até o pescoço nas fraudes e falcatruas que roubou bilhões de reais da Petrobras? São justamente as autoridades deste governo, além de deputados e senadores da sua base de apoio no Congresso Nacional. É este o resultado de o PT ter decidido aliar-se a banqueiros e grandes empresários para governar o país. Governa para eles e como eles.

Impeachment não é a solução - Nós, trabalhadores, não podemos aceitar esta situação. Nem podemos aceitar a chantagem do “perigo da direita” para defender o governo da presidenta Dilma e do PT. Precisamos, isto sim, lutar contra ele para impedir que continue a atacar nossos direitos para beneficiar justamente os banqueiros e grandes empresários, ou seja, a tal direita.
No entanto, também não podemos aceitar a demagogia e a cara-de-pau da direita (PSDB, DEM, PPS, PMDB) que tenta se aproveitar da justa revolta da população para se apresentar como uma alternativa contra o PT. Ora, o PSDB já governou o Brasil (junto com o PMDB, igual o PT está fazendo), e qual foi o resultado? Atacou com toda violência os direitos e as organizações dos trabalhadores para beneficiar os mesmos banqueiros e grandes empresários que o governo Dilma está beneficiando agora. O PSDB governa o estado de São Paulo, é o responsável pela mais grave crise da água que o país já viu. Privatizou metade da SABESP, mandando para o exterior na forma de remessa de lucros de empresas estrangeiras, os recursos que deveriam ser aplicados para garantir água para a população de São Paulo. E não nos esqueçamos do escândalo da corrupção nos contratos do Metrô e Trens de São Paulo. Isso para ficar em apenas dois exemplos.
O governo de FHC, do PSDB, iniciou a privatização da Petrobras, deu início ao processo de submissão da empresa aos interesses de especuladores internacionais e da sanha de lucro das empreiteiras. É verdade que o PT deu continuidade e aprofundou este processo, até chegarmos à situação em que nos encontramos hoje. Mas o PSDB não pode fugir à sua responsabilidade pelo quadro atual. Ou seja, a direita não é alternativa que possa preservar os interesses e direitos dos trabalhadores, e muito menos acabar com a corrupção, pois são tão corruptos e contra os trabalhadores quanto o governo atual.
Por isso, o impeachment não é uma solução que sirva aos trabalhadores. Vamos deixar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a decisão sobre a grave crise que o país passa? Veja que quase 10 % dos senadores e deputados do Congresso estão metidos com as falcatruas na Petrobras, sem contar que o Procurador Geral da República livrou a cara de vários deles, a começar pela própria Dilma do PT e Aécio Neves do PSDB. Alguém acha que daí vai sair algo que presta? E mesmo que eles resolvessem fazer algo, se fosse afastada a Dilma, entraria no lugar dela o vice, Michel Temer, ou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ou ainda Renan Calheiros, todos do PMDB, atolados na mesma lama que Dilma. O que isso ia mudar? O seis pela meia dúzia...
Uma alternativa da classe operária e dos trabalhadores
Nós, trabalhadores, precisamos fortalecer a nossa luta contra o governo Dilma, mas precisamos também lutar contra estas alternativas de direita. Precisamos fortalecer a nossa luta contra os bancos e grandes empresas multinacionais e nacionais. E, nessa luta, precisamos avançar na construção de uma alternativa que atenda as necessidades e interesses da nossa classe. A CSP-Conlutas já impulsionou uma primeira iniciativa neste sentido, com mobilizações em várias partes do país no dia 6 de março.
Mas é preciso muito mais que isso. As grandes centrais sindicais, como a CUT, precisam parar de apoiar o governo e assumir a luta em defesa dos trabalhadores. É preciso que as centrais sindicais sigam o exemplo da CSP-Conlutas, e convoquem uma greve geral no país.
Precisamos unir em uma só luta os trabalhadores de norte a sul do país, para derrotar as políticas econômicas que vem sendo aplicadas pelo governo, e em defesa de um plano econômico dos trabalhadores que assegure que os recursos do nosso país e a riqueza produzida pelo nosso trabalho sejam usados para assegurar vida digna para o nosso povo e não para alimentar lucros de bancos e grandes empresários e a corrupção de políticos.
Uma greve geral que exija a revogação das leis que cortaram os direitos dos trabalhadores e a revogação dos cortes nos gastos na educação e outras políticas sociais; para exigir o fim da terceirização; que cobre do governo leis que protejam o emprego dos trabalhadores e que sejam estatizadas as empresas que demitem em massa; que exija do governo que pare de dar dinheiro aos bancos, que suspenda imediatamente o pagamento da chamada dívida externa e interna aos agiotas do sistema financeiro; que exija que a Petrobras e o petróleo de nosso país voltem a ser 100% estatal; e para cobrar a prisão e confisco dos bens de todos os políticos corruptos e dos empresários que os corromperam. E que abra caminho para que possamos ter em nosso país um governo dos trabalhadores, sem patrões, um governo da nossa classe, que aplique estas e outras medidas necessárias para mudar nosso país de verdade.
Só assim podermos derrotar, ao mesmo tempo, o governo do PT, a direita (PSDB, DEM, PMDB e companhia) e também aos banqueiros, multinacionais e grandes empresários, pois é para eles que tanto o PT como o PSDB governam quando estão no poder.
E só assim poderemos avançar para a construção de um Brasil socialista. Um país soberano, livre de toda forma de exploração e opressão, onde todos e todas possam viver de forma plena, como seres humanos, e não como escravos de banqueiros e multinacionais, em que o capitalismo nos transformou.
Fonte: pstu.org.br