Comissão de Anistia julga nesta sexta-feira presos e perseguidos políticos da Convergência Socialista

24/10/2013 - Nesta sexta-feira, dia 25, a partir das 9h, acontece em São Paulo, no Teatro Tuca na PUC, a 77ª Caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Durante o evento, serão julgados requerimentos de anistia de militantes da ex-Convergência Socialista (CS), organização politica que deu origem ao PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado).

As Caravanas da Anistia têm como objetivo realizar sessões externas de julgamento de processos de Anistia Política, em que são julgados processos de cidadãos perseguidos durante o regime militar.

Nesta 77ª edição, no entanto, não será um julgamento individual. Especialmente, será reconhecida oficialmente a perseguição a uma organização política e, consequentemente, o papel da Convergência Socialista na luta pelo fim da ditadura militar. Serão 29 ex-militantes da CS que poderão ter anistia e reparação política e financeira.

"Não se trata apenas de reconhecimento e reparação a todos que foram perseguidos. Trata-se da recuperação da memória da luta do povo brasileiro. Trata-se da luta pelo esclarecimento de toda a verdade, de todos os crimes cometidos pela ditadura civil-militar, e pela punição dos torturadores, assassinos, seus mandantes e financiadores", afirma Luiz Carlos Prates, o Mancha, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos e anistiado político.

Breve história da Convergência Socialista
A Convergência Socialista teve sua origem em outra organização, a Liga Operária, que, desde meados da década de 1970, destacou-se como uma das mais atuantes organizações no combate à ditadura. Posteriormente, em 1994, a Convergência seria a principal corrente que formou o PSTU.

Foi a CS que teve a ousadia de realizar a primeira reunião pública de socialistas ainda durante a ditadura, em 1978. Participou do 1º de maio de 1980 na Vila Euclides, em São Bernardo, junto com os mais de 100 mil trabalhadores. Em 1981, esteve na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), defendendo e fazendo parte da Comissão Nacional Pró-CUT.

Da mesma maneira, militantes da CS estiveram à frente dos piquetes da Greve Geral de 1983, com muitos militantes sendo presos e golpeados pela polícia. Em 1984, suas colunas também estavam presentes nas marchas pelas Diretas Já.

"Toda esta luta vem sendo reconhecida pelo Estado e pelo movimento dos trabalhadores através dos processos de anistia e reparação política nos últimos anos", afirma Américo Gomes, da Comissão de Presos e Perseguidos Políticos da ex-Convergência Socialista. Américo lembrou que muitos militantes foram assassinados, torturados, presos e perseguidos.

Na região, a CS teve papel ativo, tendo participado das greves nas décadas de 70 e 80, criação de sindicatos na mudança da direção do Sindicato dos Metalúrgicos em 1981, quando a Oposição de
Esquerda venceu as eleições sindicais, na formação do PT e outras lutas. Militantes da região terão requerimentos julgados.

Recentemente, companheiros como Ernesto Gradella, Toninho Ferreira e Luiz Carlos Prates, o Mancha, todos militantes da ex-Convergência Socialista, foram anistiados.

A Comissão da Verdade do Sindicato dos Metalúrgicos organiza uma delegação da região para participar do ato. Ônibus sairão às 6h30 da sede da entidade para São Paulo nesta sexta-feira.

Veja o documentário sobre a Convergência e a luta contra a ditadura
http://www.pstu.org.br/node/20101