PSTU de São José lança Secretaria LGBTT

30/6/2014 - O PSTU sempre esteve na luta contra as opressões. Entendemos que o capitalismo utiliza das diferentes características humanas pra dividir a classe trabalhadora e, por meio dessas divisões, aumentar a exploração de certos setores, como LGBTT´s, mulheres, negros e negras.

Nesse sentido, nosso partido tem se empenhado em criar secretarias que tragam o tema à discussão, intervenham na sociedade e resgatem o espírito de luta destes setores.

Nosso programa inclui a luta pelas mudanças que os oprimidos necessitam para desfrutar de uma vida digna. Acreditamos que na atual conjuntura torna-se mais indispensável que nunca reunir os oprimidos da classe trabalhadora para que aumentem o eco de suas vozes por direitos e libertação.

Não está tudo bem
Quem basear suas opiniões sobre a situação dos LGBTTs com base nas telenovelas brasileiras ou que tem uma proximidade limitada com o cotidiano deste setor pode facilmente se confundir ou se iludir em relação à realidade daqueles que vivem além do modelo de sexualidade supostamente coerente – a heteronormatividade.

No horário nobre dos canais mais assistidos, os LGBTTs (quase sempre G, raramente L, mas nunca, nunquinha T) conseguem levar uma vida harmônica, ter bons empregos e poucas dificuldades no dia a dia, além de ser o sinônimo de risadas para a família brasileira.

O gay do horário nobre é tão “nobre” que é gay apenas pela caricatura, desenhada por anos pelos mesmos canais midiáticos que afirmavam (e a maioria ainda afirma, mesmo que de forma mais restrita) que entre as distintas “liberdades”, só resta aos gays a marginalidade.

Por ironia, esses canais pagam dia após dia o preço das suas contraditórias falácias, sendo forçados a exibir a realidade de uma parcela importante da sociedade, que também se relaciona, que também beija e que também ama.

A mídia, no esforço descontrolado de reparar o seu serviço de desinformação, troca a antiga experiência por uma nova: um desserviço de informação. Num mundo LGBT imaginário onde tudo são flores, maquiagens, corpos malhados e mansões luxuosas, onde o preconceito e a homofobia são limitados a pequenos conflitos familiares, a imagem que está tudo bem predomina, e qualquer transtorno consegue ser facilmente confundido pela opinião pública como algo corriqueiro, algo do qual todos os seres humanos estão propensos a passar, sejam gays ou não.

A consequência desta experiência reflete claramente na opinião pública e, consequentemente, nas políticas públicas e na vida deste setor oprimido.

Foi valendo-se deste discurso que a bancada evangélica do legislativo vetou o que quis quando o assunto era política para LGBTTs - alicerçada numa opinião pública embriagada de alienação, com o aval da primeira presidente mulher.

O PL122 e o kit contra a homofobia não saíram do papel. Falou-se de tudo, até em cura gay. Em vez de avançarem na discussão, voltaram com as suposições de 20 anos atrás. Tudo isso rolando e da presidente não se ouviu nada. O que foi aprovado foi um disque 100 que não resolve em nada o problema.

Voltando àqueles que baseiam suas opiniões meramente nas “realidades em pixels”, é possível que se perguntem: são essas políticas públicas realmente necessárias para os LGBTs? Outros ainda questionam se essas políticas não transformam os LGBTT’s num setor privilegiado da sociedade.

Diariamente, um LGBTT é morto no Brasil
Está nos jornais e na internet pra quem quiser ver: a homo-lesbo-trans-fobia constantemente. No Brasil, um LGBT é morto por dia! No mês de janeiro foi uma morte a cada 18 horas!

Somos o país que mais assassina LGBTT´s no mundo.  Não estamos falando de humilhação, constrangimento, nem de assédio moral. Estamos falando de mortes violentas, fruto de um ódio impregnado na sociedade patriarcal que vivemos. Logo, não é nenhum pouco coerente dizer que nós estamos em busca de um privilegio, a não ser o de nos mantermos vivos.

Diante do número de mortes ligadas à homofobia que aumenta a cada dia, o que poderia se esperar de um governo dito democrático? Que aprove leis que garantam o direito à vida? Que faça valer a Constituição, que repudia qualquer tipo de discriminação? Que aprove programas educativos que tratem sobre o tema, conscientizando a população?

O governo Dilma não fez nada disso, e pior, aliou-se aos setores mais reacionários do legislativo em nome de alianças eleitorais. Assistem a chacina diariamente, e não fazem nada. O direito a vida nesse instante se distancia para dar lugar ao direito de se eleger, de continuar no poder, mesmo que tendo as mãos sujas de sangue.

Somados a isso, temos a precarização do trabalho, principalmente das travestis e transexuais. Os gays e lésbicas hoje, assim como as mulheres, trabalham mais e recebem menos. O estereótipo promovido pela televisão empurra milhares de jovens para a marginalização, prostituição e suicídio. Longe da vida dos gays de novela, não está tudo bem.

Nasce a Secretaria LGBTT em São José
O PSTU de São José dos Campos está criando sua secretaria LGBTT justamente por isso. Enxergamos que há muito pelo que lutar e há disposição dos setores oprimidos para que seus direitos sejam garantidos.

Nós nos colocamos ao lado destes setores e, junto com a classe trabalhadora, propomos a transformação da sociedade. Lutamos por um mundo em que a LGBTTfobia, assim como o machismo e o racismo, seja apenas uma lembrança triste de uma sociedade confusa. Propomos uma sociedade socialista.

Nas próximas quatro semanas, o blog do PSTU Vale trará artigos e entrevistas que falarão sobre o tema da opressão aos LGBT’s. Volte mais vezes por aqui!

Debate
Na próxima quarta-feira, dia 2 de julho, faremos uma atividade em nossa sede para lançar a Secretaria LGBT da regional. Será às 19h. O tema será: “No país da Copa, um LGBTT é morto por dia: conjuntura e caminhos do movimento LGBTT no Brasil”. Haverá venda de caldinhos, pipoca, cerveja e refrigerante! Convidamos a todos a participar!