Metalúrgicos da GM de São José aprovam greve por tempo indeterminado contra demissões. Todo apoio!

10/8/2015 - Diante de um ato de covardia, um ato de coragem. Depois de a GM demitir centenas de trabalhadores em São José dos Campos, na véspera do Dia dos Pais, no último sábado, os metalúrgicos aprovaram greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira, dia 10.  A assembleia reuniu cerca de 4.000 trabalhadores do 1° e 3° turnos.

A luta dos metalúrgicos é pela reintegração de todos os demitidos e pela garantia de estabilidade no emprego. Além de cobrar a abertura de negociações com a montadora, os trabalhadores querem que os governos federal, estadual e municipal intervenham em defesa dos empregos.

A mobilização diante das demissões teve início ainda no sábado. Assim que foi informada, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região entrou em contato com a empresa para questionar os cortes e convocou os demitidos para uma reunião urgente na sede da entidade.

Neste domingo, em pleno dia dos pais, cerca de 300 pessoas lotaram o salão de assembleias do Sindicato, não só demitidos, mas também trabalhadores que foram prestar solidariedade. Até agora a GM não informou oficialmente o número total de demissões.

Covardia: trabalhadores receberam telegramas na véspera do Dia dos Pais

Série de cortes
Na assembleia o clima era de apreensão, mas também de muita indignação com a covardia cometida pela empresa. Apesar de a GM tentar organizar um grupo de chefes para votar contra qualquer mobilização, a esmagadora maioria dos trabalhadores não teve dúvidas em aprovar a mobilização, que sabem ser a única forma de defender seus empregos.

As demissões em São José ocorrem um mês depois de a montadora fazer o mesmo em São Caetano do Sul, onde 500 metalúrgicos também foram demitidos.

No ano passado, a GM fechou 1.263 postos de trabalho, sendo 176 em SJC, 740 em São Caetano e 347 em Gravataí. Este ano, foram fechados 1.349 postos de trabalho, sendo 264 em São José, 567 em São Caetano e 518 em Gravataí.

Em todo o setor automotivo, somente este ano, as demissões já somam 7.300 até junho. Em 12 meses, houve 19,6 demissões.

Os trabalhadores vivem um momento grave, em que seus direitos e empregos estão sendo atacados por todos os lados. Mas não vamos pagar pela crise criada pelo governo Dilma e pelos patrões. A saída para a classe trabalhadora é a luta e a greve iniciada hoje mostra que os metalúrgicos estão dispostos a lutar”, afirma o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

Na assembleia, os dirigentes sindicais lembraram que a GM registrou um lucro líquido de US$ 1,117 milhão no segundo trimestre deste ano, um crescimento de 302% mais que o mesmo período em 2012. Destacaram ainda que o setor automotivo foi generosamente beneficiado por incentivos fiscais nos últimos anos e o Brasil garantiu o envio de remessa de lucros recordes para a matriz norte-americana.

A armadilha do PPE
A GM alega a queda nas vendas do mercado brasileiro para efetivar os cortes e afirma que já esgotou os mecanismos para preservar os empregos, citando férias coletivas, programas de demissão voluntária e lay-offs. Segundo informações divulgadas pela imprensa, a empresa teria alegado que o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) não teria sido adotado, pois o Sindicato “descartou publicamente” o uso do mecanismo, que permite a redução da jornada com redução de salário em até 30%.

Corretamente, o Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à CSP-Conlutas, é contra a medida, pois este programa idealizado pela CUT e lançado em forma de Medida Provisória pelo governo Dilma, é mais uma forma de garantir os lucros das empresas, sem garantir de fato a proteção dos empregos.

O PPE permite a redução de salários e só garante a estabilidade apenas de um terço do tempo que durar o acordo. Se o acordo durar um ano, os trabalhadores terão apenas quatro meses de emprego garantido. Ou seja, na prática, as empresas economizarão para depois financiar as demissões.

O PSTU apoia incondicionalmente a luta dos metalúrgicos da GM. Repudiamos a postura vergonhosa da GM em demitir centenas de pais e mães de família para seguir garantindo seus lucros a qualquer custo. Nos últimos anos, é com demissões e chantagens que a montadora tem implementado um profundo processo de reestruturação e aumento da exploração não só no Brasil, mas em todo o mundo.

Não pode ser que os trabalhadores brasileiros sigam sendo reféns das multinacionais que exploram em nosso país, onde vendem o carro mais caro do mundo e obtém lucros recordes para enviar ao exterior.

Até por que não é só a GM que vem atacando os trabalhadores. Situações semelhantes estamos assistindo na Volks , Ford e Mercedes, por exemplo. onde também temos assistido a resistência dos trabalhadores contra as investidas das empresas. Em São Caetano, os metalúrgicos acamparam na porta da fábrica. Na Mercedes, os trabalhadores fizeram greve e rejeitaram em plebiscito uma proposta da montadora de reduzir salários nos moldes do PPE.

Os governos federal (Dilma/PT), estadual (Alckmin/PSDB) e municipal (Carlinhos/PT) tem o dever de intervir para garantir os empregos dos metalúrgicos.

Para acabar com a farra que as multinacionais praticam no país é urgente a adoção de medidas como a proibição de demissões imotivadas e em massa, garantia de estabilidade no emprego, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, proibição de remessa de lucros ao exterior e a criação de um contrato coletivo nacional.

Multinacionais que demitirem em massa e desrespeitarem acordos e leis brasileiras devem ser nacionalizadas e estatizadas. Além disso, o Brasil tem potencial e tecnologia para produzir o primeiro carro nacional, ao invés de ser um paraíso para montadoras estrangeiras e ficar refém de medidas como as tomadas pela GM.